Quando os filhotes devem iniciar sua vacinação? Quando devem terminar? Quais as razões para essas escolhas?



Esses são alguns dos questionamentos comuns que os médicos-veterinários recebem no dia a dia da rotina clínica. Embora as respostas pareçam simples, na era digital, com o acesso à informação cada vez maior por parte dos tutores, devemos estar preparados para explicações mais detalhadas sobre os porquês das condutas clínicas. Lidar com possíveis objeções referente ao uso ou não de determinadas vacinas é outro ponto que pode ser questionado por tutores mais atentos ao que se pratica no restante do mundo. 

0 a 6 semanas de idade 

  • Ao nascimento, há a ingestão de colostro – filhotes recebem os Anticorpos Maternos (AM);
  • Até as 6 semanas de idade: amadurecimento gradativo do sistema imune do filhote; 
  • Os AM geralmente persistem em níveis mais altos e até mesmo protetores contra desafios ambientais 1

6 a 8 semanas de idade 

  • Filhotes geralmente já desmamaram e iniciam exploração territorial ;
  • Haverá diminuição gradativa dos AM ;
  • Idade que geralmente se iniciam os protocolos vacinais: as vacinas devem ser administradas sequencialmente a cada 2 a 4 semanas. 

8 a 16 semanas de idade 

  • Os AM estão cada vez mais baixos, chegando em níveis que não interferem com a vacinação entre 12 e 16 semanas
  • Assim, é recomendado que a vacinação não termine antes das 12 semanas de idade e, preferencialmente, se estenda até as 16 semanas ou mais. 

Qual o protocolo ideal? A idade para cada vacina importa? 

A escolha do protocolo deve ser baseada principalmente no risco envolvido com a exposição a doenças infecciosas.

Por conta disso, os guidelines de vacinação (WSAVA - World Small Animal Veterinary Association, AAHA - American Animal Hospital Association / COLAVAC - Comitê Latinoamericano de Vacinologia de Animais de Companhia) recomendam dividir os protocolos, como descrito abaixo: 

Vacinas essenciais

Todos devem receber, independente das circunstâncias, proteção contra doenças severas, com alto risco de morte e que tem distribuição mundial. 

  • Parvovirose
  • Cinomose
  • Raiva
  • Hepatite infecciosa canina
  • Leptospirose* 

*Leptospirose é considerada como essencial de acordo com o COLAVAC e complementar de acordo com o WSAVA e AHHA. 

Vacinas complementares 

Animais devem ser vacinados mediante justificativas geográficas ou de fatores de risco que envolvam o agente etiológico. 

  • Parainfluenza Virus
  • Bordetella bronchiseptica 
  • Leishmaniose
  • Giardiase** 

**A vacina contra giárdia é considerada como complementar pelo COLAVAC e não recomendada ou não citada no WSAVA e AAHA. 

PORTANTO, NÃO EXISTE PROTOCOLO ÚNICO E IDEAL, O QUE DEVE SER AVALIADO É O RISCO VERSUS O BENEFÍCIO PARA CADA ANIMAL E PARA CADA AGENTE ETIOLÓGICO QUE COMPÕE A VACINA EM QUESTÃO! 


Pontos de atenção na vacinação com cepas de Leptospira spp. em filhotes: 

  • Devido à natureza das bacterinas, que geralmente são muito imunogênicas, algumas literaturas recomendam não utilizá-las em filhotes 9 semanas de idade, já que as reações adversas, quando ocorrem, podem ser mais severas em animais muito jovens. 
  • Vacinas inativadas (ex. Leptospira spp.) estão mais comumente associadas a reações adversas agudas. 
  • Embora haja poucos estudos publicados, alguns autores mencionam que as bacterinas podem interferir com a resposta sorológica a antígenos virais durante a série inicial de vacinação de filhotes. 

Referências bibliográficas: 

1. Greene, C.; Levy, J. Immunoprophylaxis. In: Greene, C.;Sykes, J. Infectious Diseases of the Dog and Cat 4th Edition, Missouri, Saunders, 2011, p.1163 – 1205. 

2. Day, M.D. et al. Guidelines for the Vaccination of Dogs and Cats compiled by the Vaccination Guidelines Group (VGG) of the World Small Animal Veterinary Association (WSAVA). Journal of Small Animal Practice Vol. 57 January 2016. 

3. Ford, R. et al. 2017 AAHA Canine Vaccination Guidelines. In: www.aaha.org/aaha-guidelines/vaccination-canine-configuration/vaccination-canine/ Guías de Vacunación COLAVAC-FIAVAC Compendio regional de estudios y recomendaciones inmunización en perros y gatos. In: www.fiavac.org/ guias.php. 

4. Pardo MC, Bauman JE, Mackowiak M. Protection of dogs against canine distemper by vaccination with a canarypox virus recombinant expressing canine distemper virus fusion and hemagglutinin glycoproteins. Am J Vet Res. 1997;58(8):833-836. 

5. RECOMBITEKR C3 product label.  

6. Pardo MC, Bauman JE, Mackowiak M. Immunization of puppies in the presence of maternally derived antibodies against canine distemper virus. J Comp Path. 2007;137:S72-S75. 

7. Spibey, N. et al. Canine parvovirus type 2 vaccine protects against virulent challenge with type 2c virus. Veterinary Microbiology 128 (2008) 48–55.

8. Larson LJ, Schultz RD. Effect of vaccination with recombinant canine distemper virus vaccine immediately before exposure under shelterlike conditions. Veterinary Therapeutics 2006;7:113-118. 

9. Ford RB. Recombinant technology: Reducing the risk of injection-site inflammation with adjuvant-free vaccines. Clinician’s Update; Clinician’s Brief. March 2006



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