Ciência-DNA revela como lobos pré-históricos de "Game of Thrones" realmente eram

Embora extintos há 13 mil anos, os lobos pré-históricos ainda têm admiradores ao redor do mundo, Principalmente entre os fãs de Game of Thrones: os animais acompanham os membros da Casa Stark durante um bom período da história. Agora, uma nova análise de DNA da espécie Canis dirus, que inspirou a alcateia da série de George R. R. Martin, promete revelar detalhes da história desses animais — e, de quebra, ajudar a matar a saudade dos felpudos da ficção.

No novo estudo, um time de 49 pesquisadores se uniu para sequenciar pela primeira vez o DNA da espécie, que vivia na América do Norte. Em um artigo publicado na quarta-feira (13) na Nature, a equipe relata que se baseou no material genético extaído de cinco sub-fósseis de lobos-terríveis (do inglês, dire wolves) encontrados nos Estados Unidos, alguns datando de mais de 50 mil anos atrás.

"Lobos-terríveis às vezes são retratados como criaturas míticas, como lobos gigantes rondando paisagens congeladas desoladas, mas a realidade acaba sendo ainda mais interessante", afirmou Kieren Mitchell, coautor da pesquisa, em declaração.

O estudo mostra que os lobos pré-históricos eram tão diferentes de outras espécies caninas, como coiotes e lobos-cinzentos, que não eram capazes de cruzar entre si, o que contraria análises anteriores, baseadas apenas em sua morfologia. Segundo Mitchell, o sequenciamento genético mostrou que as duas espécies de lobo, que coexistiram no mesmo habitat há 10 mil anos, são "primas distantes", como humanos e chimpanzés.

"Embora os humanos antigos e os neandertais pareçam ter cruzado, assim como os lobos-cinzentos e coiotes modernos, nossos dados genéticos não forneceram evidências de que lobos-terríveis cruzaram com qualquer espécie canina viva", explicou o pesquisador. "Todos os nossos dados apontam para o lobo-terrível sendo o último membro sobrevivente de uma linhagem antiga distinta de todos os caninos vivos."

A pesquisa também sugere que, ao contrário de muitas espécies de canídeos que aparentemente migraram repetidamente entre a América do Norte e a Eurásia ao longo do tempo, os Canis dirus evoluíram apenas no continente norte-americano por milhões de anos. Além disso, as profundas diferenças evolutivas entre a espécie e os lobos-cinzentos indicam que, provavelmente, esses animais não estavam preparados para sobreviver ao fim do inverno da Era do Gelo.


"Lobos-terríveis sempre foram uma representação icônica da última era do gelo nas Américas e, agora, um ícone da cultura pop graças a Game of Thrones. Mas o que sabemos sobre sua história evolutiva estava limitado ao que podíamos ver pelo tamanho e forma de seus ossos e dentes", comentou a coautora Angela Perri. "Com essa primeira análise de DNA, revelamos que a história dos lobos pré-históricos, particularmente sua relação com os lobos-cinzentos, é na verdade muito mais complicada do que pensávamos."

Fonte revista Galileu


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