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Câmera faz primeiro registro de uso do viaduto vegetado, símbolo de conservação da biodiversidade no país

 Câmeras de monitoramento da Associação Mico-Leão-Dourado (AMLD) fizeram o primeiro registro da passagem de animais pelo viaduto vegetado, localizado na BR-101, em Silva Jardim, no interior do Rio de Janeiro.

O viaduto vegetado, que foi inaugurado em agosto de 2020, é o primeiro construído em uma rodovia federal. O projeto é considerado um marco da conservação da biodiversidade no país.

As câmeras de monitoramento foram instaladas no dia 3 de agosto deste ano, segundo a associação.

Mas o primeiro registro de passagem de animais aconteceu no dia 10, quando dois cachorros-do-mato foram flagrados caminhando entre as mudas de árvores plantadas. Já no dia 14, a câmera fez um novo flagrante. Desta vez, um cachorro-do-mato aparece andando sozinho pelo viaduto.

Primeiro registro de animais passando pelo viaduto vegetado da BR-101, em Silva Jardim, RJ, foi feito no dia 10 de agosto deste ano — Foto: Reprodução/Associação Mico-Leão-Dourado

Primeiro registro de animais passando pelo viaduto vegetado da BR-101, em Silva Jardim, RJ, foi feito no dia 10 de agosto deste ano — Foto: Reprodução/Associação Mico-Leão-Dourado

As tubulações pretas que aparecem nas imagens são do sistema de irrigação do espaço.

Uma das imagens foi divulgada nas redes sociais da entidade na última sexta-feira (20). Para o secretário executivo da Associação Mico-Leão-Dourado (AMLD), Luís Paulo Ferraz, a "visita" representa um marco para o projeto.

"Estamos muito felizes! Essa é uma notícia animadora, encorajadora e que mostra que estamos no caminho certo e que esta pode ser uma alternativa muito importante para a redução de impactos ambientais em rodovias no Brasil".

 

Primeiro viaduto vegetado em rodovia federal do Brasil fica na BR-101, em Silva Jardim, no RJ — Foto: Divulgação/Arteris Fluminense

Primeiro viaduto vegetado em rodovia federal do Brasil fica na BR-101, em Silva Jardim, no RJ — Foto: Divulgação/Arteris Fluminense

 

O trecho onde o viaduto se encontra, no km 218 da BR-101, foi escolhido para a construção após mapeamento que identificou os locais mais sensíveis ambientalmente e com altos índices de atropelamento de animais.

As obras começaram em 2018 e foram concluídas no fim de julho do ano passado pela Arteris Fluminense, concessionária que administra a rodovia.

O espaço recebeu o plantio de mudas nativas da Mata Atlântica.

 

O mico-leão-dourado poderá usar o viaduto vegetado daqui a alguns anos, quando a vegetação crescer dando mais segurança aos micos — Foto: Reprodução ICMBio e Divulgação Arteris Fluminense

O mico-leão-dourado poderá usar o viaduto vegetado daqui a alguns anos, quando a vegetação crescer dando mais segurança aos micos — Foto: Reprodução ICMBio e Divulgação Arteris Fluminense

 

Toda a estrutura, que inclui uma cerca de condução de fauna, busca cumprir um importante papel: conectar a Reserva Biológica Poço das Antas, um dos principais habitats do mico-leão-dourado, à Área de Proteção Ambiental Rio São João/Mico-Leão-Dourado.

"Esse (o registro dos animais) é o primeiro indicador do possível uso dessa estrutura pela fauna. É um processo que está começando agora e vai ter muitos anos pela frente".

 

"Para as espécies arborícolas, como é o caso do mico-leão-dourado, nós precisamos aguardar um pouco mais porque as árvores precisam crescer para que os animais as utilizem para atravessar de um lado a outro da rodovia", explicou Luís Paulo.

O mico-leão-dourado é uma espécie endêmica do Rio de Janeiro e que está ameaçada de extinção.

Travessia de animais

Daqui a alguns anos, com o crescimento da vegetação no viaduto, a travessia do mico-leão-dourado, e de outros animais, se tornará mais segura e permitirá o encontro deles com outros membros da espécie que estavam isolados em outros fragmentos da Mata Atlântica.

Saiba como funciona o sistema

 

  • O viaduto liga os dois lados da rodovia e conecta a Reserva Biológica Poço das Antas à Área de Proteção Ambiental Rio São João/Mico-Leão-Dourado;
  • A cerca de condução de fauna "sinaliza" para os animais que o local é uma passagem segura;
  • Os primeiros animais começam a passar pelo viaduto;
  • Com o crescimento das árvores plantadas no local, a expectativa é que micos e preguiças também se sintam seguros para fazer a travessia pelas árvores;
  • A travessia se transforma em solução para o problema das infraestruturas que cortam a paisagem de conservação dos micos e outros animais, e possibilita o encontro deles com outros membros da espécie.

 

Esse encontro é fundamental para a reprodução do mico, já que contribuirá para um intercâmbio genético, reduzindo o cruzamento entre parentes e, assim, os problemas de consanguinidade.

 
Primeiro viaduto vegetado do Brasil foi inaugurado na BR-101, em Silva Jardim, no RJ — Foto: Andréia Martins/Divulgação AMLD e Divulgação/Arteris Fluminense

Primeiro viaduto vegetado do Brasil foi inaugurado na BR-101, em Silva Jardim, no RJ — Foto: Andréia Martins/Divulgação AMLD e Divulgação/Arteris Fluminense

 

"(A travessia) será fundamental para a viabilidade genética das populações de mico dessa região, para que elas não sejam barradas pela duplicação da rodovia BR-101, que ocorreu recentemente", afirmou o secretário.

A AMLD é a responsável pelo monitoramento do uso da estrutura da fauna da região, que deve se tornar o futuro Parque Mico-Leão-Dourado.

"A associação vai fazer o monitoramento da passagem dos micos e da preguiça de coleira, mas agora em agosto nós instalamos câmeras para começar a observar se já poderíamos identificar algum movimento da fauna, e fomos surpreendidos por esses animais belíssimos atravessando (o viaduto)".

Viaduto vegetado foi construído para auxiliar na travessia de animais silvestres na BR-101, no RJ — Foto: Divulgação/Arteris Fluminense

Viaduto vegetado foi construído para auxiliar na travessia de animais silvestres na BR-101, no RJ — Foto: Divulgação/Arteris Fluminense

 

A equipe de monitoramento é composta pela bióloga Priscila Lucas, o biólogo Mateus Melo e o fotógrafo Luiz Thiago de Jesus.

O monitoramento tem o apoio da organização holandesa DOB Ecology.

 
 

 

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